Um dos temas centrais abordados nesta edição foi a falta de pessoal no setor de refeições coletivas, e como o mercado deve evoluir para que volte a ser atrativo para mais pessoas, principalmente a geração Z. Os tópicos foram aprofundados no painel do presidente do SindRio e diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes, Fernando Blower, e da especialista em recursos humanos e gestora em Desenvolvimento Humano e Gestão de Pessoas no Grupo GPS/GR, Josiani Faleiros, com intermediação de Fernanda Sorelli.

Segundo os especialistas, o próprio termo “mão de obra” deve ser ressignificado, pois traz uma ideia de mecanização e invisibiliza o lado humano das pessoas. O mercado deve passar por um reposicionamento e olhar para um sintoma que tem crescido: o alto turnover nas empresas.

“Desde a pandemia, a principal dor do empresário tem sido a contratação de novos talentos, pois esse é um mercado pouco atrativo para as pessoas mais novas. No entanto, um erro comum é achar que a geração Z não quer trabalhar. Na verdade, são modelos específicos que eles não estão aceitando mais. Então, cabe às lideranças fazerem algo a respeito”, explica Fernando Blower.

Especialistas explicam que o setor precisa de adaptação para ser mais atrativo para os novos talentos.

Josiani Faleiros faz uma provocação à discussão: “as pessoas entendem que há outras formas de trabalhar, e cabe a nós enquanto empresas nos adaptarmos. Estamos ouvindo de fato o que a nova geração está nos dizendo?”

Os executivos acrescentam problemas encontrados no setor que devem ser observados:

  • Jornadas de trabalho devem ser menos estressantes;
  • Aceitar que a rotatividade já é uma realidade;
  • Liderança deve estar mais próxima dos funcionários, oferecendo escuta ativa;
  • Repensar as iniciativas voltadas para atração e retenção de talentos.

Na análise de Blower, a geração Z não está aceitando algumas coisas que, antes, eram tratadas como normais. “Não é sobre transformar o trabalho em entretenimento, mas sim em um trabalho que caiba para aquela pessoa, que não se torne um fardo”, aponta.

“Estamos bem longe de encantar as pessoas”, diz Josiani.

Para Faleiros, é necessário que os líderes entendam que os funcionários querem aprender de diferentes formas, assim como querem modelos de jornadas não convencionais, não só como antigamente. “Não é possível adotarmos o home office no nosso setor, mas podemos pensar em formas que atraiam mais as pessoas, como planos de carreira mais flexíveis e incentivos de curto e médio prazos. A rotatividade está maior atualmente, as pessoas não têm o costume de ficar anos em uma empresa, então essas são medidas que auxiliam na atração, retenção e engajamento de talentos”, diz a gestora.

Ao fim do painel, o presidente da Aberc, Daniel Mendez, convida todos a uma reflexão e ação. “Como entidade, devemos reforçar para as empresas que práticas antigas como estas devem ser revisadas e quebradas. Elas não nos cabem mais”.

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