Em entrevista exclusiva ao blog da ABERC, o vice-presidente Rogério da Costa Vieira analisa os possíveis impactos da recente decisão dos Estados Unidos em aumentar a taxação sobre produtos brasileiros e como isso pode afetar diretamente o setor de alimentação coletiva.
Efeito dominó nas refeições coletivas?
Segundo Vieira, o setor de refeições coletivas é altamente dependente de insumos importados. “Nos nossos processos produtivos, utilizamos commodities, equipamentos, materiais como aço e alumínio, componentes eletrônicos e fertilizantes, todos fortemente atrelados ao mercado internacional”, explica. A alta na taxação desses produtos pode causar um desequilíbrio que afetará diretamente os custos de produção das refeições.
Impacto direto nas cozinhas industriais
Vieira lembra que uma cozinha industrial funciona como um parque fabril, muitas vezes operando 24 horas por dia, sete dias por semana. A necessidade de manutenções e substituições de equipamentos é constante. “Com o aumento de preços em materiais como aço e alumínio, podemos sentir um impacto imediato, mas com fornecedores alternativos como a China, há alternativas para mitigar os efeitos mais severos.”
Contratos sob risco
A elevação nos custos também pode tornar inviáveis contratos, tanto públicos quanto privados. “Os contratos correm o risco de desequilíbrio financeiro rápido, especialmente devido à variação de preços das commodities, com destaque para as proteínas animais”, alerta. A demanda internacional, especialmente dos EUA, pode aumentar ainda mais os preços internos.
Preparados para instabilidades?
Para o vice-presidente da ABERC, o setor precisa estar preparado para lidar com instabilidades comerciais internacionais. “O food service é exposto a oscilações de preço e instabilidade tarifária. Estamos refinando nossos modelos de previsibilidade e negociação para manter margens de lucro sustentáveis.”
Gripe aviária e o risco de desabastecimento
Vieira também comenta sobre os efeitos do surto de gripe aviária. “Num primeiro momento, restringimos o consumo de carne e ovos, mas com informação de qualidade, estamos retomando gradativamente. As proteínas de origem aviária representam cerca de 24% da composição de uma refeição coletiva.”
Alternativas ao frango
Apesar do risco de desabastecimento ser considerado baixo, ele reforça que o Brasil possui cerca de 30 mil granjas comerciais, muitas fora das áreas afetadas. “Se houver queda nas exportações, o mercado interno será abastecido com o excedente, amenizando os impactos.”
E os contratos?
Caso o surto se agrave, os contratos públicos também poderão ser impactados. “Temos que estar preparados com planos de contingência. O Brasil é o maior exportador de carne de frango e uma crise de grandes proporções abalaria não apenas o mercado interno, mas o cenário global.”
O setor de refeições coletivas vive um momento de atenção e planejamento. Instabilidades externas e crises sanitárias exigem ações rápidas, previsão de cenários e estratégias de negociação para garantir a sustentabilidade dos serviços oferecidos à população.
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