O mercado de refeições está passando por diversas mudanças, com o uso de dados e a tecnologia cada vez mais presentes no negócio, principalmente pós pandemia. Além disso, o setor enfrenta desafios para atender a um público cada vez mais exigente, que busca soluções personalizadas para suas necessidades. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Galunion Insights 2024, que tem como objetivo entender o perfil do público atendido pelo food service e as tendências para o setor nos próximos anos.

Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion, apresentou os resultados da pesquisa durante o evento da ABERC sobre o mercado de refeições coletivas. Ela destaca que negócios prósperos dependem da aquisição e fidelização de clientes, exigindo ajustes constantes na estratégia e uma execução primorosa das ações.

A digitalização, para Simone, tem papel importante na realocação de recursos em elementos cruciais na satisfação do cliente. “A tecnologia abre espaço para que, ao digitalizarmos processos repetitivos e físicos com o uso de tecnologia, onde a escala inclusive ajuda, abrimos espaço para que, na realidade dura da operação do restaurante, o nosso time possa tempo e talento tanto na arte da hospitalidade, para melhorar a experiência do cliente, como na arte da culinária, focando nos sabores e texturas do alimento”.

Oportunidade no home office

A coleta de dados realizada pela pesquisa ajuda a entender, por exemplo, qual o perfil da rotina do trabalhador e de como isso impactará na alimentação. De acordo com a Galunion Insights de 2024, 36% das pessoas participantes responderam que, nos próximos 6 meses, voltaram a trabalhar presencialmente, enquanto 58% acreditam que irão trabalhar em casa em algum momento da semana, seja em formato remoto ou híbrido. O segundo modelo, inclusive, apresentou um aumento expressivo: na pesquisa da Galunion realizada em junho, 36% dos respondentes disseram trabalhar em formato híbrido, enquanto em novembro, foram 44%. Isso representa um aumento de 8 p.p. em menos de seis meses. Com mais pessoas indo ao escritório, mais incentivo as empresas têm para pensar em restaurantes internos e outras áreas de alimentação.

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Simone comenta que também há formas de capturar a fatia de trabalhadores que não possuem esse tipo de benefício onde trabalham, através do delivery. De acordo com o estudo, 84% das pessoas afirmaram utilizar serviços de entregas ou “take aways”, quando o próprio consumidor busca seu pedido. Dentre os principais motivos enumerados estão rapidez (55%), promoções (51%) e a conveniência advinda da necessidade de se alimentar no almoço e jantar (33%).

Outra opção é oferecer alternativas à marmita feita em casa, que tem ficado cada vez mais popular entre os trabalhadores brasileiros. De acordo com a Galunion, os principais motivadores são economizar dinheiro, poupar tempo e investir na saúde nutricional. Seja qual for o motivo, a pesquisa demonstra que a produção de marmitas cresceu de junho (43% costumam levar sua comida para o trabalho na maioria das vezes e 61% em algum momento) para novembro (53% e 65%, respectivamente).

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“Na minha opinião e pelos exemplos que vejo de crescimento no mercado, isso é possível. Tanto com delivery, através de uma marca virtual bem trabalhada, como também com a venda de refeições dentro da necessidade dos consumidores que compram de maneira antecipada, congelada ou fresca”.

Tendências

Para o instituto, além da importância dada aos dados, outras tendências dominarão o mercado de refeições coletivas. A Mandala da Galunion monitora 30 delas em quatro eixos diferentes, mas Simone enumera a mais importante de cada um: no Modelo de Negócios, “efetivamente conveniente”; no Oferta Culinária, “Saúde acessível”; no Experiência & Hospitalidade, “Reconhecer meus públicos”; e no Preparação do Futuro, “Inteligência Artificial”.

Simone Galante: “A inteligência artificial pode ajudar em diferentes frentes, como na análise de dados do negócio e apoio às decisões estratégicas, criação de conteúdo para mídias digitais e automação de atividades de marketing, nos Chatbots de atendimento e na e automação dos processos de demanda, planejamento de produção e abastecimento, entre outros”.
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No levantamento, é possível perceber também uma preferência do consumidor à agilidade e à hiperpersonalização que, de acordo com a executiva, vem para ficar. “Ela torna possível um desejo e necessidade dos consumidores. O setor, para se adequar, precisa reconhecer o uso dos dados e desenhar a proposta de valor tanto para o cliente como para os consumidores nos diferentes pontos de contato, e identificar ambos: jornada e consumidor em cada cliente ou cluster de clientes. Assim, teremos insights valiosos de fato de cada ação possível e que seja valorizada no setor”.
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